Em pretensa poesia,
amparada nas quinas,
vou trançando colunas,
transbordando elogios
a esses homens encontrados
na esquina de algum desespero,
agarrados pelos pentelhos
e por um espasmo do decote.
Com braços gigantes,
fazendo ninho, vão engolindo
cada gomo do desejo
servido em bandeja plástica,
rasa e colorida.
São como estar frente ao mar,
frente a Deus.
E diante da imensidão
do grande guardador de rebanhos
o encantamento procria
levando ao paraíso a ovelhinha,
crente em sua pequenez disforme.
O resgate tem desfecho esperado:
cárcere do corpo, cárcere da alma.
E depois do enclausuramento
nada mais sublime
do que negar carne seca e cachaça.
Somente absinto em doses homeopáticas
retendo a essência de sua cara
na cara de quem já não a tem.
Sexista, machista, nunca consegue parar.
Tendo o resgate na tara,
sai à caça de outra oferenda.
Porque de prenda e falsas medalhas
vive o homem da esquina. O Canalha.
Um comentário:
É, eles se contentam com o raso.
Adoro esse poema, sou fã da poeta, e antes ainda da mulher.
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