sábado, 8 de novembro de 2008

A caixa



A caixa


Já fez a caixa?

Tô pensando em reforma,
forma e interferências.
Só sai com um manifesto.

Gira, gira, detetive.
Derrama o líquido primordial
em minha boca, pois minha taxidermia tá alta.

Não sei com que preencher...

É o cão mesmo.
Precisa de um panfleto pronto antes da sete,
pra projetar uma vida sem graça para daqui a 50 anos?


Action Painting.
Claquete.
Capítulo 1, 2, 3, 4, talvez o cinco.
Nada de manter a grandeza oculta.

Isso é inominável e inumerável.
Fica no vacilo pra tu vê.
Chega um intruso
e te rouba o retrato,
o perfil
e a letra p.

Um dia que poderia ser seu, vai ser ex.
Faz uma experiência.
Constrói.

Em cinco minutos?

Espanta os pequenos demônios, cara.
Faz a porra da caixa.
A gente ajuda a encher.

De S a Z?

Se quiser?
Tem um bestiário doméstico.
Tem ratos, porco, leitoa.

Não entendi.
É caixa, ou é arca?

Em nome do profeta Jerônimo!

Vocês acham que é simples assim?

Tu parece meretriz.
É o último dia, desencanta.
É fobia?

Não. Pasmem: Eu ainda sonho!

Tô pirando.
Vou tirar os sapatos, meus pensamentos estão comprimidos.
Tá me dando depressão.
Horas sentados à mesa
vendo a TV mostrando verdades
sobre um artigo16.831.
E o cacete da caixa não sai.


Parecemos doze santos, ou mais.
Sem volta em um elevador,
onde uma falsa virgem,
veste branco com lingerie vermelha.
Dá até pra bater uma punheta.

Bom, entre bananas e casamentos,
a caixa sai ou não sai?
Sou cidadã tenho direito de saber.
Qué pasa señora?
Tá nervosa?

Tu ironia me irrita.
Enquanto corremos em nossa seca,
o menino Frederico brinca
de não querer.
E assassina Quintana.

Podia ser o tal Cruz e Souza.
Se fizesse a caixa
colocava o defunto dentro.

Tá dando fome.
O que comer?
Um frango, quem sabe um pintado.

O contador de histórias
sonha com o quê?

Com um lugar onde as ruas não têm nome.
Os punhos de concreto viram um corrimão.
Com algo que não é meu.

O cara é cheio dos labirínticos.

Faz a caixa.
E manda uma carta pra Albertina que não sabe ler.
Ou quem sabe a uma Perplexa mulher qualquer:
Gilda, Clarice, Dora, Esmeralda, Rita.

Não é melhor a um suicida?

Imagina.
O homem acorda cedo, mas não sabendo o que fazer volta a dormir.
No sonho se lambuza com moscas e
é ofendido por alguém:
De porco, eu?
Acorda e vê.
Um retrato.
Deslumbra a rosa contida na caixa,
mas isso não basta e quer morrer.

E imaginação.
Qual era o principio de tudo?
A caixa.

Um nome preciso de um para fazer.

E aqui as personagens
fortes, fracas, convincentes ou não
sussurram baixinho:
- Oficina literária uma Pandora em criação.


Denize Muller

Aos amigos da oficina. Malucos amaldiçoados por Deus e bonitos por insistência.
Bjs

3 comentários:

Blog da Celina Castro disse...

vi,nesta caixa generosa
uns olhos verdes, umas esmeraldas tão lindas... acho que Bandeira mandou para você!
sem estas esmeraldas, minha querida, não tem poesia, não há oficina que dure!
beijão

Kizzy Ysatis disse...

Seu blog tá lindo!

bjs

Tiago Bode disse...

cadê aquele safado do Fernando pra fazer a porra da caixa???!! sei pra onde ele foi...foi atrás de se benzer afinal, pra ser pandora às avessas e colocar tantos demônios nessa box é muito mais que um ato físico, é uma perna da alma que se perde.... imagina quantas pandoras, de verdade, vão libertar esses demônios... é lindo!